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segunda-feira, 19 de maio de 2014
Andando na Corda Bamba
Uma das primeiras tarefas do iniciado é o equilíbrio dos quatro elementos em sua alma. Na Golden Dawn, isso era feito principalmente através da prática do Ritual Menor do Pentagrama, que, dentre outras coisas, trabalha com o simbolismo elemental com os arcanjos que ficam na borda do círculo e também com o próprio pentagrama, que é um símbolo dos Elementos sob o Espírito. Além de tal ritual, havia meditações com os símbolos dos tattwas. De tabela, muitos sistemas de magia posteriores à Golden Dawn e que foram diretamente influenciados por ela possuem em seu currículo inicial práticas que visam equilibrar o praticante.
A importância que se dá a esse trabalho inicial é grande, e há um bom motivo para isso: todos nós temos certas inclinações, e sem o equilíbrio adequado de tais inclinações, dificilmente chegaremos em algum lugar.
Claro que os exercícios voltados para isso exercitam também a capacidade imagética do indivíduo, bem como o acostuma a trabalhar com esse tipo de força de uma forma mais palpável e menos abstrata. Porém, é notável a importância do equilíbrio das funções psíquicas que correspondem aos elementos não só para o trabalho místico, mas também para experimentar a vida de forma mais completa e menos condicionada.
Cada um apresenta naturalmente uma predisposição para experimentar o mundo por meio diferenciado das quatro funções psíquicas da teoria de Jung. O teste MBTI é uma forma de descobrir qual sua predisposição, ou seja, qual das funções é mais forte em você, se é introvertida ou extrovertida, e, de tabela, descobrir a função que foi relegada ao Inconsciente. Na minha opinião, a forma mais inteligente de usar o resultado do teste, assim como seria na análise de uma carta natal, é não exaltar as peculiaridades de forma a querer criar grupinhos e generalizações, como normalmente se faz com a Astrologia, em que alguns candangos querem segregar todas as pessoas do mundo em 12 castas e atribuir de forma determinista suas virtudes e defeitos. O teste (bem como o estudo da carta natal) é útil porque te permite conhecer, sim, suas qualidades e potenciais, mas principalmente porque mostra com certa clareza os seus vícios de comportamento e as áreas decadentes da sua personalidade.
Se formos levar em conta o axioma de que somos um microcosmo, então possuímos todos os atributos, e somos, portanto, um círculo. Acontece que, na nossa percepção deturpada, nós não somos um círculo, e nosso Ego tende a se identificar com alguns atributos a negar outros. Para progredir espiritualmente ou mesmo para viver bem (não vejo mais muita diferença entre a vida e espiritualidade) é preciso explorar as nossas deficiências.
Tomemos um exemplo. Das quatro funções (a saber, Pensamento, Sentimento, Intuição e Sensação), as mais fortes em mim são Pensamento e Intuição, de modo que meu tipo psicológico, pelo modelo do MBTI, é INTP (Pensamento Introvertido com Intuição). Sendo Pensamento minha função mais forte, eu tenho uma facilidade natural com o estudo racional e analítico. Por outro lado, o pensamento discursivo e falta de tato são também uma consequência disso. De tabela, a função oposta que é o Sentimento, se torna decadente, de modo que raramente o experimento. A minha função secundária é a Intuição, de modo que sua oposta, a Sensação, também não seja muito explorada.
A armadilha é que tendemos a querer reforçar aquilo em que já somos bons. Acontece que isso só vai acentuar o desequilíbrio. Se Sentimento é minha função inferior, então eu devo focar em uma prática devocional, uma oração ou mesmo um relacionamento que me permita experimentar essa função. Se minha Sensação também não é muito desenvolvida, então uma arte marcial, exercícios físicos, Chi Kung, Yoga ou meditação focada nas sensações corporais (que de quebra acabaria com o pensamento discursivo) funcionaria bem para mim. Não é questão, contudo, de tornar-se o seu oposto. O objetivo é compensar as deficiências para que deixemos de nos identificar apenas com algumas funções e passemos a utilizar todas as ferramentas de que dispomos.
Para uma compreensão um pouco mais profunda sobre os 16 tipos psicológicos, é interessante estudar os Arcanos da Realeza do Tarot, com que possuem alguma correspondência.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Da Humildade
Muito é falado de humildade e como ela é fundamental para que haja desenvolvimento espiritual. Por muito tempo eu estive convencido de que isso tudo era balela, já que o importante mesmo é a transpiração, o esforço, pura labuta. Da mesma forma, sempre me recusei a dobrar os joelhos para qualquer entidade superior, seja ela chamada de Deus, de Anjos ou "guias". Eu realmente nunca fui de orar ou de pedir ajuda, já que compartilho de uma visão pós-moderna da magia e da espiritualidade, em que, sendo nós dotados de um Atman, e sendo o Atman o próprio Brahman, todas as outras entidades espirituais são meras fragmentações e emanações do Espírito do próprio místico que recorre a essas forças. Sendo assim, não há razão para se ajoelhar, pedir, implorar humildemente, se tudo é tão somente uma fragmentação e personificação de conteúdos psíquicos existentes em você mesmo. Todavia, há um detalhe que quase sempre deixamos escapar por conta dessa visão pós-moderna e cínica: a humildade funciona.
Pode ser que não haja uma razão filosófica absoluta para ser humilde, como querem alguns místicos muito religiosos, assim como ocultistas da idade média, que eram extremamente católicos. E por mais que não tenhamos a mesma visão extremamente medieval e religiosa, há um motivo para que esse modelo de crenças tenha existido: ok, pode ser que não existam entidades separadas do magista, mas é assim que se parece! A Terra gira em torno do Sol, e não o contrário, mas olhando daqui, a Terra parece ser o centro. E, para fins puramente práticos, não importa se é assim ou não. Nenhum modelo é uma verdade absoluta, e sim uma construção mental para representar logicamente uma coisa que se experimenta empiricamente, como eu mesmo afirmei neste artigo. O problema enfrentado por quem adota um modelo pós magia do caos e pós-psicanálise é que esquecemos que até a nossa psicologia é um mero mapa. E ao menos uma boa parcela dos místicos modernos não é formada em psicologia ou psicanálise (assim como eu não sou), e nós, leigos, temos a mania de praticar um reducionismo sem sentido: "ora! Tudo isso é só a sua mente! Esses espíritos, anjos, Deus, tudo isso são aspectos do seu inconsciente, nada mais!"
Ora, não nego que a visão pós-moderna, pós-crowley, pós-psicanálise e pós-magia do caos é um mapa interessantíssimo e bem adequado aos tempos atuais (da mesma forma que a visão medieval era adequadíssima ao quadro cultural da época, encharcado de religião). Contudo, é um Mapa. E Mapas não são o Território, como já dissemos inúmeras vezes neste blog. E o problema em se praticar aquele reducionismo é que diminuímos demais a importância de tais forças. Quando você adota um modelo mais clássico, o de que há espíritos ou entidades independentes de si próprio, ao praticar um exercício espiritual ou coisa que o valha, ao se referir a tais entidades (que, para você, estão do lado de fora), você abre um espaço para o desconhecido, para o transcendente, que toma forma das tais entidades na sua Imaginação. Já quando você pensa que "está tudo em mim" (e realmente está, o problema é que a auto-imagem que você tem é a do seu Ego, não a da sua Psique, integralmente), você não dá espaço para o desconhecido, para o que habita as terras do Inconsciente (ou "mundos espirituais", nomes são apenas nomes.), logo, não é tão funcional.
A visão mágica clássica conta que, mesmo sendo todas as entidades e forças existentes independentes de você, pelo fato de o magista contar com o apoio divino (se colocando no centro de um círculo que representa o Universo, invocando Deus e usando da autoridade de seus Nomes), o místico tem condições de comandar qualquer força espiritual, já que toda e qualquer coisa é emanação de Deus. Da mesma forma, a visão extremamente psicologizada pós-moderna visa dar total controle ao ocultista, sendo que toda e qualquer força que ele venha a utilizar é uma fragmentação de sua própria Psique. O toque que precisa ser dado, no entanto, é que, sim, tudo está na sua mente. Porém, a sua mente é muito maior do que você pensa. A sua mente deve englobar tudo o que existe.
O pulo do gato, então, é entender que apesar de todas estas forças existirem em você, a sua atenção ou consciência estão fortemente fincadas no Ego, não no Si-Mesmo, que é o centro da Psique (e é ao que você se refere quando usa a palavra "Deus", geralmente). Se você em seu aspecto mais elevado engloba toda a existência, não faz sentido querer atribuir toda a potência dessas forças à sua personalidade, represando-as no Ego, e, assim, impedindo um livre fluxo da tal potência. Ser humilde, é, portanto, deixar-se preencher pelas forças que estão além daquilo que você concebe como sendo "você", e permitir que essas forças fluam através de si. Na melhor das hipóteses, um místico que não é humilde não consegue ir muito longe. Na pior delas, até consegue contatar as fontes de imenso poder e potência, mas por atribuí-las ao próprio ego, acaba por infla-lo, o que pode lhe render um fim próximo ao do Nietzsche ou mesmo, como querem alguns,do próprio Crowley.
Em outras palavras: o modelo clássico está correto. Ao menos, tão correto quanto um modelo pode estar.
Pode ser que não haja uma razão filosófica absoluta para ser humilde, como querem alguns místicos muito religiosos, assim como ocultistas da idade média, que eram extremamente católicos. E por mais que não tenhamos a mesma visão extremamente medieval e religiosa, há um motivo para que esse modelo de crenças tenha existido: ok, pode ser que não existam entidades separadas do magista, mas é assim que se parece! A Terra gira em torno do Sol, e não o contrário, mas olhando daqui, a Terra parece ser o centro. E, para fins puramente práticos, não importa se é assim ou não. Nenhum modelo é uma verdade absoluta, e sim uma construção mental para representar logicamente uma coisa que se experimenta empiricamente, como eu mesmo afirmei neste artigo. O problema enfrentado por quem adota um modelo pós magia do caos e pós-psicanálise é que esquecemos que até a nossa psicologia é um mero mapa. E ao menos uma boa parcela dos místicos modernos não é formada em psicologia ou psicanálise (assim como eu não sou), e nós, leigos, temos a mania de praticar um reducionismo sem sentido: "ora! Tudo isso é só a sua mente! Esses espíritos, anjos, Deus, tudo isso são aspectos do seu inconsciente, nada mais!"
Ora, não nego que a visão pós-moderna, pós-crowley, pós-psicanálise e pós-magia do caos é um mapa interessantíssimo e bem adequado aos tempos atuais (da mesma forma que a visão medieval era adequadíssima ao quadro cultural da época, encharcado de religião). Contudo, é um Mapa. E Mapas não são o Território, como já dissemos inúmeras vezes neste blog. E o problema em se praticar aquele reducionismo é que diminuímos demais a importância de tais forças. Quando você adota um modelo mais clássico, o de que há espíritos ou entidades independentes de si próprio, ao praticar um exercício espiritual ou coisa que o valha, ao se referir a tais entidades (que, para você, estão do lado de fora), você abre um espaço para o desconhecido, para o transcendente, que toma forma das tais entidades na sua Imaginação. Já quando você pensa que "está tudo em mim" (e realmente está, o problema é que a auto-imagem que você tem é a do seu Ego, não a da sua Psique, integralmente), você não dá espaço para o desconhecido, para o que habita as terras do Inconsciente (ou "mundos espirituais", nomes são apenas nomes.), logo, não é tão funcional.
A visão mágica clássica conta que, mesmo sendo todas as entidades e forças existentes independentes de você, pelo fato de o magista contar com o apoio divino (se colocando no centro de um círculo que representa o Universo, invocando Deus e usando da autoridade de seus Nomes), o místico tem condições de comandar qualquer força espiritual, já que toda e qualquer coisa é emanação de Deus. Da mesma forma, a visão extremamente psicologizada pós-moderna visa dar total controle ao ocultista, sendo que toda e qualquer força que ele venha a utilizar é uma fragmentação de sua própria Psique. O toque que precisa ser dado, no entanto, é que, sim, tudo está na sua mente. Porém, a sua mente é muito maior do que você pensa. A sua mente deve englobar tudo o que existe.
O pulo do gato, então, é entender que apesar de todas estas forças existirem em você, a sua atenção ou consciência estão fortemente fincadas no Ego, não no Si-Mesmo, que é o centro da Psique (e é ao que você se refere quando usa a palavra "Deus", geralmente). Se você em seu aspecto mais elevado engloba toda a existência, não faz sentido querer atribuir toda a potência dessas forças à sua personalidade, represando-as no Ego, e, assim, impedindo um livre fluxo da tal potência. Ser humilde, é, portanto, deixar-se preencher pelas forças que estão além daquilo que você concebe como sendo "você", e permitir que essas forças fluam através de si. Na melhor das hipóteses, um místico que não é humilde não consegue ir muito longe. Na pior delas, até consegue contatar as fontes de imenso poder e potência, mas por atribuí-las ao próprio ego, acaba por infla-lo, o que pode lhe render um fim próximo ao do Nietzsche ou mesmo, como querem alguns,do próprio Crowley.
Em outras palavras: o modelo clássico está correto. Ao menos, tão correto quanto um modelo pode estar.
terça-feira, 25 de junho de 2013
Afrouxando o Karma
Há um tempo atrás, livros de auto ajuda com conhecimentos supostamente esotéricos estavam na moda. E apesar de toda aquela conversa de "o que importa é viver o Agora, ter a atenção presente", e tal fórmula ser vendida como um grande segredo místico ser bastante Fail por dizer que é apenas isso que importa, as técnicas de auto ajuda funcionam. E existe uma razão para isso.
Apesar de resumirem a prática da meditação ao bem-estar (o que é um problema, e essa questão merece um texto só sobre isso), os autores de auto ajuda tocaram numa verdade. Tanto a nossa percepção do mundo quanto a nossa vontade de agir nele passam por diversos filtros. Filtros esses construídos pelo costume, pelo hábito. Citando Swami Vivekananda, em sua obra intitulada como Karma Yoga:
Se um homem diz frequentemente más palavras, tem maus pensamentos e executa más ações, sua mente estará cheia de más impressões; estas influirão em seus pensamentos e ações sem que ele seja consciente delas. Portanto, estas más impressões atuam continuamente, e o resultado deve ser mau; esse homem tem que ser mau, e não poderá evitá-lo. O produto dessas impressões desenvolverá nele um forte poder que constituirá o motivo de suas más ações; será como uma máquina em mãos daquelas impressões, e estas o obrigarão a praticar o mal.
Da mesma forma, se um homem tem bons pensamentos e pratica boas ações, a soma total dessas impressões será boa, e o levará a praticar boas ações, talvez mesmo inconscientemente. Quando um homem praticou certo número de boas obras e teve bons pensamentos, experimenta uma tendência irresistível para o bem; e mesmo quando quiser praticar o mal, sua mente, que é a soma total de suas tendências, não lhe permitirá. Neste caso se diz que o bom caráter do homem já está firme.
E tal condicionamento é chamado de Karma. Da mesma forma que o cérebro é extremamente maleável e plástico na infância e conforme passa o tempo esta maleabilidade vai sendo perdida, dando lugar a uma rigidez, assim acontece com nossas ações e também com nossas percepções. Há uma tendência que faz com que esqueçamos da nossa liberdade inicial para agir e cristalizemos certos padrões de comportamento (e de pensamento, e de sentimento). E tal condição pode determinar como você se sente, como você percebe o mundo e também como você age. Como nos dois parágrafos acima retirados do Karma Yoga, há um condicionamento bom e um condicionamento mau. E é nisso que a auto ajuda se baseia. E a minha crítica a essa abordagem (que farei em outro artigo, mas darei um pitaco aqui) é explicitada pelo próprio Vivekananda, na mesma obra, pouco mais adiante:
Há, todavia, um estado superior a este: é o desejo de libertação. Deveis lembrar-vos que a liberdade da alma é a meta de todas as yogas, e cada uma destas conduz ao mesmo resultado. Por meio das obras, os homens podem chegar ao estado que Buda alcançou em grande parte pela meditação e Cristo pela devoção. Buda foi um jnani ativo; Cristo um bhakta, porém ambos alcançaram a mesma meta. A dificuldade está em que a libertação implica inteira liberdade; liberdade de fazer o bem, tanto como de praticar o mal.
Contudo, as práticas que promovem a flexibilidade são muito úteis. Eu mesmo tenho experimentado uma bem simples e intuitiva, que promove um afrouxamento desta couraça psíquica e muscular (sim, muscular! Repare como o condicionamento mental afeta os seus gestos, a sua feição e tensiona certos músculos), permitindo assim uma espontaneidade maior.
Prossiga da seguinte forma:
Deitado ou sentado numa posição que o permita relaxar, mantendo a coluna reta, se liberte das preocupações que ocupam sua mente;
Pouse a atenção sobre a respiração. Não respire mais rápido ou mais devagar, não prenda, só observe. Procure sentir o caminho que o ar faz, perfurando suas vias aéreas e pousando na parte inferior do pulmão (respire pelo diafragma);
Perceba então seu corpo. Todas as tensões musculares. Procure relaxar uma a uma. Uma sensação de afrouxamento é percebida. Dê uma certa atenção aos músculos da face;
Esse processo costuma durar entre 5 e 15 minutos, podendo ser estendido, obviamente. Procure aplicar isso no cotidiano: quando perceber que há alguma tensão física e psíquica impedindo a espontaneidade, experimente fazer o exercício.
Apesar de resumirem a prática da meditação ao bem-estar (o que é um problema, e essa questão merece um texto só sobre isso), os autores de auto ajuda tocaram numa verdade. Tanto a nossa percepção do mundo quanto a nossa vontade de agir nele passam por diversos filtros. Filtros esses construídos pelo costume, pelo hábito. Citando Swami Vivekananda, em sua obra intitulada como Karma Yoga:
Se um homem diz frequentemente más palavras, tem maus pensamentos e executa más ações, sua mente estará cheia de más impressões; estas influirão em seus pensamentos e ações sem que ele seja consciente delas. Portanto, estas más impressões atuam continuamente, e o resultado deve ser mau; esse homem tem que ser mau, e não poderá evitá-lo. O produto dessas impressões desenvolverá nele um forte poder que constituirá o motivo de suas más ações; será como uma máquina em mãos daquelas impressões, e estas o obrigarão a praticar o mal.
Da mesma forma, se um homem tem bons pensamentos e pratica boas ações, a soma total dessas impressões será boa, e o levará a praticar boas ações, talvez mesmo inconscientemente. Quando um homem praticou certo número de boas obras e teve bons pensamentos, experimenta uma tendência irresistível para o bem; e mesmo quando quiser praticar o mal, sua mente, que é a soma total de suas tendências, não lhe permitirá. Neste caso se diz que o bom caráter do homem já está firme.
E tal condicionamento é chamado de Karma. Da mesma forma que o cérebro é extremamente maleável e plástico na infância e conforme passa o tempo esta maleabilidade vai sendo perdida, dando lugar a uma rigidez, assim acontece com nossas ações e também com nossas percepções. Há uma tendência que faz com que esqueçamos da nossa liberdade inicial para agir e cristalizemos certos padrões de comportamento (e de pensamento, e de sentimento). E tal condição pode determinar como você se sente, como você percebe o mundo e também como você age. Como nos dois parágrafos acima retirados do Karma Yoga, há um condicionamento bom e um condicionamento mau. E é nisso que a auto ajuda se baseia. E a minha crítica a essa abordagem (que farei em outro artigo, mas darei um pitaco aqui) é explicitada pelo próprio Vivekananda, na mesma obra, pouco mais adiante:
Há, todavia, um estado superior a este: é o desejo de libertação. Deveis lembrar-vos que a liberdade da alma é a meta de todas as yogas, e cada uma destas conduz ao mesmo resultado. Por meio das obras, os homens podem chegar ao estado que Buda alcançou em grande parte pela meditação e Cristo pela devoção. Buda foi um jnani ativo; Cristo um bhakta, porém ambos alcançaram a mesma meta. A dificuldade está em que a libertação implica inteira liberdade; liberdade de fazer o bem, tanto como de praticar o mal.
Contudo, as práticas que promovem a flexibilidade são muito úteis. Eu mesmo tenho experimentado uma bem simples e intuitiva, que promove um afrouxamento desta couraça psíquica e muscular (sim, muscular! Repare como o condicionamento mental afeta os seus gestos, a sua feição e tensiona certos músculos), permitindo assim uma espontaneidade maior.
Prossiga da seguinte forma:
Deitado ou sentado numa posição que o permita relaxar, mantendo a coluna reta, se liberte das preocupações que ocupam sua mente;
Pouse a atenção sobre a respiração. Não respire mais rápido ou mais devagar, não prenda, só observe. Procure sentir o caminho que o ar faz, perfurando suas vias aéreas e pousando na parte inferior do pulmão (respire pelo diafragma);
Perceba então seu corpo. Todas as tensões musculares. Procure relaxar uma a uma. Uma sensação de afrouxamento é percebida. Dê uma certa atenção aos músculos da face;
Esse processo costuma durar entre 5 e 15 minutos, podendo ser estendido, obviamente. Procure aplicar isso no cotidiano: quando perceber que há alguma tensão física e psíquica impedindo a espontaneidade, experimente fazer o exercício.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Imaginação: essa incompreendida!
A Imaginação é um dos grandes arcanos da Magick. As próprias palavras "Magia", "Imaginação" e "Imagem" provavelmente derivam de uma mesma raiz. Fica implícito o verdadeiro significado da palavra Magia, e a importância de símbolos (imagens) impressos na mente (por meio da imaginação).
Contudo, poucas faculdades humanas foram tão subestimadas quanto a nossa glamourosa capacidade imaginativa. Assim é, pelo menos, desde quando Palas Atena aplicou seu golpe de estado na Mente Coletiva e o Racionalismo se tornou lei. Tornou-se comum pensar em imaginação como mero devaneio, como uma inutilidade. Mesmo em meios espiritualistas há um questionamento constante de "foi só criação da minha mente ou foi real?". Tal pensamento está entranhado em nossos cérebros.
E como uma parte considerável das práticas esotéricas, espiritualistas e místicas usa e abusa da Visualização Criativa, alguns racionalistas pseudo-informados sobre o assunto já movem seu bispo e dão um xeque no misticismo, pensando que foi Mate. E isso acontece porque eles têm um modelo mental que representa o Mundo. Aliás, nós todos temos um modelo representativo nas nossas mentes. Ninguém conhece de fato o Real, mas sim interpretações dos estímulos recebidos pelos sentidos.
Yep. É isso mesmo que você leu, caro leitor de minhas entranhas. Mesmo os mais céticos e racionais vivem numa realidade criada em sua mente, mesmo que estas sejam baseadas minimamente nos impulsos recebidos pelos seus sentidos. Não há escapatória, aparentemente. Como não percebemos o Real diretamente, criamos símbolos, referências, simulacros, para representar a Realidade Objetiva. Seja lá o que "realidade objetiva" queira dizer.
Na Tradição Esotérica Ocidental muito se fala da tal da "Luz Astral", que, segundo Eliphas Lévi, é a imaginação da natureza. Não sei precisamente quando, como e onde se deu a criação da Cabala Hermética, mas na Hermetic Order of the Golden Dawn já associava-se a esfera de Yesod com a Imaginação, assim como com a Luz Astral. E tal esfera tem o importante papel de agregar as forças emanadas de outras Esferas e dar-lhes forma, formando o esqueleto do mundo material. Como diz Dion Fortune, em A Cabala Mística:
Devemos conceber Yesod, portanto, como o receptáculo das emanações de todas as outras Sephiroth, como ensinam os cabalistas, a como o único a imediato transmissor dessas emanações a Malkuth, o plano físico.
Não acho que eu precise aqui dizer que a Filosofia Oculta parte da premissa de que o Homem é um Microcosmo. Ou seja: possui a mesma constituição mística do Universo, e, controlando as forças em sua alma que são análogas às forças naturais, pode conduzi-las como desejar. Aqui, a nossa imaginação é análoga à Luz Astral: nós recebemos certos estímulos, mas como não somos capazes de entender o Real em si (o númeno, de Kant), criamos representações. Talvez o Real sequer tenha forma cognoscível. E para que possamos interagir com aquilo que existe, criamos tais símbolos.
O materialista, portanto, quando vê alguma realidade transcendente como impossível, o faz simplesmente porque não há transcendência na sua representação psíquica do universo. Não há nada além do material e do óbvio em seu mapa. Não confundamos, porém, mapa com território. A própria visão de mundo vinda do hermetismo é um mapa. É encima assim como é embaixo pode muito bem não ser uma verdade absoluta, mas todo ocultista que se preze sabe bem que as Ciências Ocultas tem caráter humanista, e porque não dizer, antropocêntrico. Para fins práticos, não importa como uma coisa realmente é, não podemos saber como de fato são as coisas! O importante é que nosso mapa nos dê condição de interagir com o mundo da forma que quisermos. Qualquer aluno de física do ensino médio pode atestar que o que importa é ser coerente com os referenciais que se toma, não se eles são "absolutos" ou não. Se você tem uma luneta, não importa se o centro do universo é o Sol, a Terra, Júpiter ou Vênus. Mas com os cálculos certos, você saberá onde Mercúrio estará, aproximadamente, no dia X no horário Y.
Não tem importância se uma espada é só um pedaço de metal. Na mente humana ela é um símbolo. Tudo que percebemos é um símbolo, cada ato, cada gesto, mesmo que nos pareça objetivo, é profundamente simbólico, já que nós somos seres simbólicos. Talvez haja mesmo algo como os ocultistas clássicos afirmavam: uma força de natureza análoga ao electromagnetismo, que permeia tudo e que pode ser armazenada e programada com determinado intento. Talvez não. O que importa, na verdade, é que funciona. E isso pode ser atestado por alguém com o mínimo de boa vontade, compromisso e competência. E caso haja realmente um mecanismo "material" como aquele descrito pelos ocultistas clássicos, este parece ser só um hardware, um representante concreto para uma função que na verdade é extremamente abstrata.
A Visualização Criativa
Partindo então para usos práticos da nossa gloriosa faculdade lunar. Existem N exercícios que empregam a Visualização Criativa, sejam de bioenergia, pathworking, ou até psicoterapia, já que Jung usava a Visualização como uma forma de dividir e personificar o Inconsciente, para poder interagir com certa praticidade. Nada mais natural, já que o Inconsciente interage conosco principalmente por meio dos sonhos, e estes nada mais são do que a imaginação empregada durante o sono.Contudo, muitos afligem-se questionando "como diabos eu posso estar invocando energias jupiterianas só imaginando o símbolo planetário irradiando força sobre mim?" ou "eu faço a técnica X de absorção de prana/respiração pelos poros, e me sinto realmente energizado, e uma sensação de eletricidade percorre meu corpo. Mas de onde diabos veio essa 'energia', se foi tudo imaginação?". A explicação que ofereço aqui é tão pura e simplesmente a aplicação prática daquilo que falei durante todo o texto. Você representa algo na sua mente. Você simboliza. E um símbolo só tem poder se ele se refere a um significante. O Símbolo é a imagem que você visualiza (uma esfera de luz branca, símbolos planetários, arcanjos, etc). O Significante está mais relacionado com a sensação ou o corpo de ideias associados ao símbolo. E aí você pergunta:
Mas como eu posso representar uma força, como um Arcanjo, se eu nunca vi ou experimentei um antes?
E eu retomo ao axioma hermético, do que está encima é análogo ao que está embaixo. Desbravando a própria Alma, encontra-se forças análogas a forças existentes na Natureza Transcendente. Ou, talvez, não haja esta coisa da analogia, e sejamos todos uma coisa só.
Vai saber...
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Espiritualidade
Espiritualidade não é ir à Igreja aos domingos, tampouco ir ao centro espírita ou quaisquer outras casas religiosas.
Espiritualidade também não é ser "bom", não é seguir uma moral que lhe foi ditada como sendo inquestionável.
Espiritualidade não é venerar quaisquer deuses, entidades, messias, santos ou gurus.
Espiritualidade não é parapsiquismo, mediunidade ou paranormalidade. Tampouco é conversar com espíritos, ou praticar exercícios chamados "espirituais" ou "esotéricos", apesar de que estes podem ser uma ponte que leva à Espiritualidade, mas não passam de um caminho, e não o Fim.
Espiritualidade não é um compromisso com Deus ou com os espíritos, é um compromisso consigo mesmo. É não só avistar os domínios extrafísicos, mas sim tocar o ponto mais alto da própria consciência, e isso é alto latente que todos possuímos.
Alcançar este ponto, ou mesmo caminhar na direção deste ponto, é perceber como todos podem estar certos ao mesmo tempo, e que ateus, cristãos, aborígenes, orientais, todos enxergam e interagem com essa realidade sob prismas culturais diferentes. E é também entender que você interage com essa realidade, que é Universal, limitado pelo seu próprio prisma cultural e ideológico.
Que tipo de espiritualista nós somos quando falamos de temas elevados e transcendentes, mas com o primeiro imprevisto já perdemos o foco e cedemos às nossas incoerências? E quem fica pagando de bom moço, que não questiona, que aceita tudo sem tentar mudar, mesmo quando se pode mudar, e depois chuta e balde e reclama sem saber porque nada dá certo?
Disse tanto o que não é Espiritualidade, e deixo agora a minha definição limitada, e proponho que pensem no que é Espiritualidade para vocês. Eis a minha definição:
Espiritualidade é alcançar o que há de mais nobre, sutil e universal em si, e aplicar estes valores ao dia a dia, sem perder a lucidez, sem perder a consciência e sem se deixar levar pelas marés do mundo. É ser como um barco: adentrar o mar, mas sem deixar que o mar entre em você, pois se há um buraco numa canoa, ela se enche de água e afunda. No mais, o silêncio e o contemplar do Universo explicam melhor do que as minhas palavras.
Espiritualidade também não é ser "bom", não é seguir uma moral que lhe foi ditada como sendo inquestionável.
Espiritualidade não é venerar quaisquer deuses, entidades, messias, santos ou gurus.
Espiritualidade não é parapsiquismo, mediunidade ou paranormalidade. Tampouco é conversar com espíritos, ou praticar exercícios chamados "espirituais" ou "esotéricos", apesar de que estes podem ser uma ponte que leva à Espiritualidade, mas não passam de um caminho, e não o Fim.
Espiritualidade não é um compromisso com Deus ou com os espíritos, é um compromisso consigo mesmo. É não só avistar os domínios extrafísicos, mas sim tocar o ponto mais alto da própria consciência, e isso é alto latente que todos possuímos.
Alcançar este ponto, ou mesmo caminhar na direção deste ponto, é perceber como todos podem estar certos ao mesmo tempo, e que ateus, cristãos, aborígenes, orientais, todos enxergam e interagem com essa realidade sob prismas culturais diferentes. E é também entender que você interage com essa realidade, que é Universal, limitado pelo seu próprio prisma cultural e ideológico.
Que tipo de espiritualista nós somos quando falamos de temas elevados e transcendentes, mas com o primeiro imprevisto já perdemos o foco e cedemos às nossas incoerências? E quem fica pagando de bom moço, que não questiona, que aceita tudo sem tentar mudar, mesmo quando se pode mudar, e depois chuta e balde e reclama sem saber porque nada dá certo?
Disse tanto o que não é Espiritualidade, e deixo agora a minha definição limitada, e proponho que pensem no que é Espiritualidade para vocês. Eis a minha definição:
Espiritualidade é alcançar o que há de mais nobre, sutil e universal em si, e aplicar estes valores ao dia a dia, sem perder a lucidez, sem perder a consciência e sem se deixar levar pelas marés do mundo. É ser como um barco: adentrar o mar, mas sem deixar que o mar entre em você, pois se há um buraco numa canoa, ela se enche de água e afunda. No mais, o silêncio e o contemplar do Universo explicam melhor do que as minhas palavras.
sábado, 28 de abril de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Astrologia
A observação dos astros para prever mudanças é muito antiga, e o seu estudo foi desenvolvido em várias civilizações, com suas devidas mudanças devido ao contexto cultural. No Ocidente, a astrologia e a astronomia permaneceram unidas por um longo período de tempo.
É importantíssimo salientar que a astrologia não se resume à "A humanidade é dividida em 12 castas, os 12 signos, então todo leonino é orgulhoso, todo virginiano é metódico, todo canceriano é carente..." e muito menos à "Seu número da sorte hoje é 89, fique atento, leonino, pois você encontrará hoje o amor da sua vida", nem outras coisinhas assim que vemos em revistas de pré-adolescentes.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Chakras
Há milênios o conhecimento da Índia vem se referindo as forças e energias que agem no copo humano, e dois nomes sempre surgem quando se fala no assunto. Aqui, os mestres do Vidya Yoga explicam um pouco mais o que são a Kundaliní e os chakras.
- Shri Vyaghra Yogi e Shri Kamaia Devi
- Shri Vyaghra Yogi e Shri Kamaia Devi
Kundalini
Kundaliní é uma força dormente, que é simbolicamente representada por uma serpente (Bhujanga) enrolada na base da coluna vertebral. Essa força está presente em todo o ser humano e representa a força criativa manifestada no Homem. Sua fonte de energia e conhecimento não é um objeto de visualização, mas uma entidade sutil em forma de luz. Por isso, sua manifestação se dá de forma fortemente luminosa.
Kundaliní é uma força dormente, que é simbolicamente representada por uma serpente (Bhujanga) enrolada na base da coluna vertebral. Essa força está presente em todo o ser humano e representa a força criativa manifestada no Homem. Sua fonte de energia e conhecimento não é um objeto de visualização, mas uma entidade sutil em forma de luz. Por isso, sua manifestação se dá de forma fortemente luminosa.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
O Karma nosso de cada dia
Muito se fala de Karma no cenário espiritualista atual. O significado que essa palavra ganhou hoje aqui no ocidente é irritantemente parecido com o conceito de castigo divino, que temos no cristianismo. E quando se fala em castigo divino, Lei do Retorno e suas variantes, é uma espécie de “seja bonzinho e você se dará bem, seja malzinho e você se ferrará”, com aquele tom moralista clássico. Tudo isso baseado em... Nada. Okay, talvez baseado num dogma judaico-cristão ou conceitos de certo e errado que seus pais lhe passaram, e que os pais destes passaram para eles... assim por diante.
Acontece que o sentido original da palavra “Karma” está longe de ser esse sistema de “castigo-recompensa”. Como já li por aí... “Deixaram de acreditar num Deus maluco e vingativo para acreditar numa Roda do Universo maluca e vingativa!”
Karma significa “Ação”. E toda ação implica numa reação, numa conseqüência.É fácil achar alguém que se rotule como espiritualista ou místico que critica nomes da Espiritualidade e do Ocultismo por ter uma postura “libertina”. Exemplo mais escancarado é Aleister Crowley. Quantos não criticam a personalidade dele e invalidam toda a filosofia e prática espiritual atribuídas a ele só pelas atividades pessoas? Só pelo que ele era como pessoa?
sábado, 17 de dezembro de 2011
Hermetismo: Os 7 Princípios - Primeira Parte.
O Todo é Mente, O Universo é Mental.
O primeiro princípio hermético afirma que o Universo inteiro possui uma forma de consciência. Percebemos que a Natureza tem certa inteligência, já que a Vida biológica é possível graças à vários “acidentes de percurso” que por “coincidência e sorte”, fizeram com que partículas, planetas, bolas de gás incandescente fizessem os movimentos certos na hora certa, aplicando a força exata para propiciar este momento. Esse é um dos argumentos dos religiosos quando dizem “A Natureza é tão perfeita, mas tão perfeita, que só é possível que tenha sido feita por um criador inteligente!”. Porém, analisando o primeiro princípio hermético, somos apresentados à idéia de que a própria Natureza, a própria existência possui uma forma de inteligência auto-reguladora.

Explica também as bases da “magia”, pois se tudo é mente, pensamentos são vivos, o que pensamos influencia o que somos e a nossa realidade, dentro das nossas limitações. (A média dos seus pensamentos não faz diferença nenhuma pra uma galáxia, ou mesmo pro seu bairro, mas é uma grande diferença na sua psicosfera, que se estende aos ambientes em que você passa boa parte do tempo, afetando o “clima mental” do lugar.)
Sabendo que tudo o que existe possui (ou é) uma Consciência interpenetrando tudo, nós fazemos parte dessa peça. A Individualidade humana (não-humana também, quem sabe...) “possui” um fragmento dessa Consciência mais alta que interpenetra tudo. Não me refiro à mente superficial, profana (“Profano” significa “o que está fora”, ao contrário de “esotérico” e “hermético”, que é “aquilo que está dentro/está fechado”. Uso esse termo aqui pra me referir à ponta do iceberg que é a nossa Consciência real.)
Até pela Psicologia, sabemos que a nossa mente que temos consciência é só a parte mais superficial da brincadeira, não é o que verdadeiramente somos. É como se possuíssemos um corpo psíquico, uma casca, que cobre e esconde a parte mais profunda da nossa natureza.
Nós escalamos a nossa própria consciência pela prática meditativa, nos interiorizando e levando nossa atenção aos pontos “mais altos” de nós mesmos, sendo a chave disso, a quietude interior.
O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima.
O princípio da correspondência afirma de forma mais profunda o que foi estudado no princípio anterior. Lembra a parte do “Nós possuímos um fragmento da Consciência que interpenetra tudo” ? Pois é.
Aqui entramos com o conceito de Microcosmo e Macrocosmo. Todas as forças que compõem o Universo, todos os elementos, toda a energia que pode ser fracionada nas duas polaridades, em 4 elementos (ou 5, dependendo da escola filosófica), em 12 signos do zodíaco, existem tanto fora como dentro da esfera humana. Tomando como um rápido exemplo os 4 elementos. Possuímos o princípio ígneo, as energias quentes e rápidas, o calor emanado pelo Sol e pelas outras estrelas, o princípio aquoso, maleável, tomando como exemplo, o oceano, assim como qualquer matéria fluida ou força que tenda ao frio. (tanto literal como simbólico). Possuimos o princípio aéreo, da leveza, um equilíbrio entre os princípios anteriores, e o princípio da concretização, que dá materialidade ao que foi antes criado.
Na esfera humana, podemos citar as 4 funções da mente, Pensamento, Sentimento, Intuição e Sensação, ou a própria composição da nossa existência, sendo que possuímos um corpo Material, possuímos Emoções, Mente e a chama do Espírito, que embora não possamos sentir sempre, está “lá”. Ou a própria composição física mesmo... Carne e Ossos, Sangue, Linfa e outros fluidos, a função respiratória, o calor e os impulsos elétricos que percorrem os nervos.
No próximo texto, Princípios Herméticos da Vibração e da Polaridade.
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