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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Imaginação: essa incompreendida!



A Imaginação é um dos grandes arcanos da Magick. As próprias palavras "Magia", "Imaginação" e "Imagem"  provavelmente derivam de uma mesma raiz. Fica implícito o verdadeiro significado da palavra Magia, e a importância de símbolos (imagens) impressos na mente (por meio da imaginação).

Contudo, poucas faculdades humanas foram tão subestimadas quanto a nossa glamourosa capacidade imaginativa. Assim é, pelo menos, desde quando Palas Atena aplicou seu golpe de estado na Mente Coletiva e o Racionalismo se tornou lei. Tornou-se comum pensar em imaginação como mero devaneio, como uma inutilidade. Mesmo em meios espiritualistas há um questionamento constante de "foi só criação da minha mente ou foi real?". Tal pensamento está entranhado em nossos cérebros.

 E como uma parte considerável das práticas esotéricas, espiritualistas e místicas usa e abusa da Visualização Criativa, alguns racionalistas pseudo-informados sobre o assunto já movem seu bispo e dão um xeque no misticismo, pensando que foi Mate. E isso acontece porque eles têm um modelo mental que representa o Mundo. Aliás, nós todos temos um modelo representativo nas nossas mentes. Ninguém conhece de fato o Real, mas sim interpretações dos estímulos recebidos pelos sentidos.

Yep. É isso mesmo que você leu, caro leitor de minhas entranhas. Mesmo os mais céticos e racionais vivem numa realidade criada em sua mente, mesmo que estas sejam baseadas minimamente nos impulsos recebidos pelos seus sentidos. Não há escapatória, aparentemente. Como não percebemos o Real diretamente, criamos símbolos, referências, simulacros, para representar a Realidade Objetiva. Seja lá o que "realidade objetiva" queira dizer.

Na Tradição Esotérica Ocidental muito se fala da tal da "Luz Astral", que, segundo Eliphas Lévi, é a imaginação da natureza. Não sei precisamente quando, como e onde se deu a criação da Cabala Hermética, mas na Hermetic Order of the Golden Dawn já associava-se a esfera de Yesod com a Imaginação, assim como com a Luz Astral. E tal esfera tem o importante papel de agregar as forças emanadas de outras Esferas e dar-lhes forma, formando o esqueleto do mundo material. Como diz Dion Fortune, em A Cabala Mística:

Devemos conceber Yesod, portanto, como o receptáculo das emanações de todas as outras Sephiroth, como ensinam os cabalistas, a como o único a imediato transmissor dessas emanações a Malkuth, o plano físico. 


Não acho que eu precise aqui dizer que a Filosofia Oculta parte da premissa de que o Homem é um Microcosmo. Ou seja: possui a mesma constituição mística do Universo, e, controlando as forças em sua alma que são análogas às forças naturais, pode conduzi-las como desejar. Aqui, a nossa imaginação é análoga à Luz Astral: nós recebemos certos estímulos, mas como não somos capazes de entender o Real em si (o númeno, de Kant), criamos representações. Talvez o Real sequer tenha forma cognoscível.  E para que possamos interagir com aquilo que existe, criamos tais símbolos.

O materialista, portanto, quando vê alguma realidade transcendente como impossível, o faz simplesmente porque não há transcendência na sua representação psíquica do universo. Não há nada além do material e do óbvio em seu mapa. Não confundamos, porém, mapa com território. A própria visão de mundo vinda do hermetismo é um mapa. É encima assim como é embaixo pode muito bem não ser uma verdade absoluta, mas todo ocultista que se preze sabe bem que as Ciências Ocultas tem caráter humanista, e porque não dizer, antropocêntrico. Para fins práticos, não importa como uma coisa realmente é, não podemos saber como de fato são as coisas! O importante é que nosso mapa nos dê condição de interagir com o mundo da forma que quisermos. Qualquer aluno de física do ensino médio pode atestar que o que importa é ser coerente com os referenciais que se toma, não se eles são "absolutos" ou não. Se você tem uma luneta, não importa se o centro do universo é o Sol, a Terra, Júpiter ou Vênus. Mas com os cálculos certos, você saberá onde Mercúrio estará, aproximadamente, no dia X no horário Y.

Não tem importância se uma espada é só um pedaço de metal. Na mente humana ela é um símbolo. Tudo que percebemos é um símbolo, cada ato, cada gesto, mesmo que nos pareça objetivo, é profundamente simbólico, já que nós somos seres simbólicos. Talvez haja mesmo algo como os ocultistas clássicos afirmavam: uma força de natureza análoga ao electromagnetismo, que permeia tudo e que pode ser armazenada e programada com determinado intento. Talvez não. O que importa, na verdade, é que funciona. E isso pode ser atestado por alguém com o mínimo de boa vontade, compromisso e competência. E caso haja realmente um mecanismo "material" como aquele descrito pelos ocultistas clássicos, este parece ser só um hardware, um representante concreto para uma função que na verdade é extremamente abstrata.

A Visualização Criativa

Partindo então para usos práticos da nossa gloriosa faculdade lunar. Existem N exercícios que empregam a Visualização Criativa, sejam de bioenergia, pathworking, ou até psicoterapia, já que Jung usava a Visualização como uma forma de dividir e personificar o Inconsciente, para poder interagir com certa praticidade. Nada mais natural, já que o Inconsciente interage conosco principalmente por meio dos sonhos, e estes nada mais são do que a imaginação empregada durante o sono.

Contudo, muitos afligem-se questionando "como diabos eu posso estar invocando energias jupiterianas só imaginando o símbolo planetário irradiando força sobre mim?" ou "eu faço a técnica X de absorção de prana/respiração pelos poros, e me sinto realmente energizado, e uma sensação de eletricidade percorre meu corpo. Mas de onde diabos veio essa 'energia', se foi tudo imaginação?". A explicação que ofereço aqui é tão pura e simplesmente a aplicação prática daquilo que falei durante todo o texto. Você representa algo na sua mente. Você simboliza. E um símbolo só tem poder se ele se refere a um significante. O Símbolo é a imagem que você visualiza (uma esfera de luz branca, símbolos planetários, arcanjos, etc). O Significante está mais relacionado com a sensação ou o corpo de ideias associados ao símbolo. E aí você pergunta:

Mas como eu posso representar uma força, como um Arcanjo, se eu nunca vi ou experimentei um antes?

E eu retomo ao axioma hermético, do que está encima é análogo ao que está embaixo. Desbravando a própria Alma, encontra-se forças análogas a forças existentes na Natureza Transcendente. Ou, talvez, não haja esta coisa da analogia, e sejamos todos uma coisa só. 


Vai saber...



sexta-feira, 8 de junho de 2012

Espiritualidade

Espiritualidade não é ir à Igreja aos domingos, tampouco ir ao centro espírita ou quaisquer outras casas religiosas.

Espiritualidade também não é ser "bom", não é seguir uma moral que lhe foi ditada como sendo inquestionável.

Espiritualidade não é venerar quaisquer deuses, entidades, messias, santos ou gurus.

Espiritualidade não é parapsiquismo, mediunidade ou paranormalidade. Tampouco é conversar com espíritos, ou praticar exercícios chamados "espirituais" ou "esotéricos", apesar de que estes podem ser uma ponte que leva à Espiritualidade, mas não passam de um caminho, e não o Fim.

Espiritualidade não é um compromisso com Deus ou com os espíritos, é um compromisso consigo mesmo. É não só avistar os domínios extrafísicos, mas sim tocar o ponto mais alto da própria consciência, e isso é alto latente que todos possuímos.

Alcançar este ponto, ou mesmo caminhar na direção deste ponto, é perceber como todos podem estar certos ao mesmo tempo, e que ateus, cristãos, aborígenes, orientais, todos enxergam e interagem com essa realidade sob prismas culturais diferentes. E é também entender que você interage com essa realidade, que é Universal, limitado pelo seu próprio prisma cultural e ideológico.

Que tipo de espiritualista nós somos quando falamos de temas elevados e transcendentes, mas com o primeiro imprevisto já perdemos o foco e cedemos às nossas incoerências? E quem fica pagando de bom moço, que não questiona, que aceita tudo sem tentar mudar, mesmo quando se pode mudar, e depois chuta e balde e reclama sem saber porque nada dá certo?

Disse tanto o que não é Espiritualidade, e deixo agora a minha definição limitada, e proponho que pensem no que é Espiritualidade para vocês. Eis a minha definição:

   Espiritualidade é alcançar o que há de mais nobre, sutil e universal em si, e aplicar estes valores ao dia a dia, sem perder a lucidez, sem perder a consciência e sem se deixar levar pelas marés do mundo. É ser como um barco: adentrar o mar, mas sem deixar que o mar entre em você, pois se há um buraco numa canoa, ela se enche de água e afunda. No mais, o silêncio e o contemplar do Universo explicam melhor do que as minhas palavras.
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